quinta-feira, 17 de setembro de 2015

IAN CUSTIS visto por AL BERTO.

INFLUÊNCIAS/LEGADO,
                                                               IAN CUSTIS visto por AL BERTO.
                                        
                                        

      Ian Curtis este mago errante do grupo Joy Division, inspirou muito mais do que se possa pensar , não só musicalmente mas também no campo das letras, quanto mais conheço esta banda dos arredores de Manchester, mais fico fascinado, neste pecúlio, entra o falecido poeta Português  Al Berto pseudónimo de Alberto Raposo Pidwell, falecido em 1997 (1), mas que num brilhante poema publicado  nos anos 90 século XX,: 
                                       Noite de Lisboa com auto-retrato e sombra de Ian Curtis

                        filamentos de gelatinoso néon
invadem a catedral em celuloide do filme noturno:
  arquitetura de asas abóbadas de vento
pássaros de lixo
som
pálpebras de lodo sobre a boca do homem
que rasteja de engate em engate pelas avenidas da memória
e quando encontra a porta de um bar
mergulha no inferno
bebe furiosamente
o peito encostado ao zinco sujo
duma geração de subúrbio presentes
aqui os jovens, com a canga nos ombros
e o mundo poderia desabar dentro de 5 minutos
o copo estilhaça os vidros esfregados
nos ombros
no peito onde uma veia rebenta
para mostrar o radioso canto
depois dança contorce-se embriagado
sobre o rosto suado
com a ponta dos dedos espalha sangue e cuspo
construindo a derradeira máscara
cai para dentro do seu próprio labirinto
como se a verticalidade do corpo fosse um veneno
domina-o um estertor
uma corda invisível ata-lhe a voz
não se moverá mais
apesar de nunca ter avistado os órgãos profundos do corpo
sabe que também eles se calaram para sempre
a noite é imensa e já não tem ruídos
a morte vem dos pés sobe à cabeça
alastra ferozmente
mas a sua inquietante brancura só é percetível
na súbita ereção do enforcado  

                                                              



«... depois dança contorce-se embriagado/ cobre o rosto suado com a ponta dos dedos espalha/ sangue e cuspo construindo a sua derradeira máscara/ cai para dentro do seu próprio labirinto/ como se a verticalidade do corpo fosse um veneno"....»

                                        



         Ou um brilhante texto de  18-05-2005 na efeméride dos 25 anos após a sua morte um texto de Cristiano Pereira no Jornal Noticias com o titulo «A morte como lugar solitário».(2), em que o autor  á paginas tantas fala de Ian Curtis «....A forma como Ian Curtis se movia em palco também desencadeava reacções de espanto. "Um homem em chamas ou uma marioneta demente", descreveu um crítico britânico....»

           
disse

sergio neves           




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(1)  http://www.escritas.org/pt/poema/13488/noite-de-lisboa-com-auto-retrato-e-sombra-de-ian-curtis
(2)  http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=481106&page=2

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